sábado, 22 de junho de 2013

Sobre as Manifestações no Brasil



   100% dos recursos do petróleo para educação?...tola talvez, mas aguardarei ansiosamente, porque se tornar-me incrédula da salvação do alicerce e esqueleto da formação de nossa sociedade, como posso crer em qualquer outra coisa posterior a isso? Quanto as médicos estrangeiros, com todo respeito, creio que a solução para o Brasil não esteja fora dele, pelo contrário, está exatamente aqui, nos líderes que estão "desgovernando" nosso País. Elite é o que vem de fora, os importados? não podemos investir na educação e formarmos médicos qualificados de elite? é um luxo isso? Eu sou professora de rede pública e quero acreditar que meus alunos serão os nossos futuros médicos SRA. Presidenta Dilma Roussef! E quero a garantia de que quando formados, exercendo a profissão e fazendo a diferença, eles se sintam felizes pela escolha que fizeram, e não frustrados como muito de nossos profissionais, não questionando a sua importância, porque isso é irrevogavelmente  inquestionável, mas frustrados  pelo descaso como são encarados médicos e educadores e suas respectivas áreas na nossa sociedade, e não estou falando aqui de prestígios, mas do básico, do necessário.
   Mas 2013 é o ano, porque a coisa mais linda do mundo aconteceu, e não foi a redução dos vinte centavos na passagem, mas os brasileiros desligaram a televisão, ou a deixaram ligada, porém com o distanciamento Brechtiano, como aquele que a tudo estranha e desconfia. Deixaram suas vidas individuais de lado e se uniram por um só ideal, por um desejo coletivo. De luxo? Não! Desejo de justiça! Juntos somos mais fortes, juntos somos o gigante que acordou e decidiu brigar e questionar pelos nossos direitos. 
   Percebo que a internet, o facebook, entre outros, tem iniciado uma bela revolução nas massas, retirou da mídia e dos "soberanos" o poder de comunicação, de persuasão, de manipulação, todos são emissores e receptores de pensamentos, de notícias, e todos livres a questionar e partilhar as ideias, e eu fico maravilhada com isso, digam bobagem ou não, concordem ou não, mas todos livres e ativos, e eu contemplo toda forma de liberdade e estranhamento! Eu não sei se essas manifestações terão de fato um reflexo positivo na nossa sociedade diante das nossas reivindicações, mas entramos sim para a história porque estamos compondo a nossa história, nos permitindo ser autores daquilo que em nós estava oprimido, camuflado e até desconhecido por nós mesmos, saímos da passividade e fomos pra rua...e agora estamos nos reintegrando e tomando posse do que nos pertence! 
   É a primeira vez na vida, que me sinto orgulhosa de ser e viver no Brasil, com toda falcatrua e descaso com as áreas que mereciam ter uma papel de destaque na sociedade como educação e saúde, sinto-me em paz, pela beleza e força da união dos "meus", e agora sim me sinto representada, pelo povo… Quanto aos atos de destruição e violência entre as manifestações, nada a falar, porque ai é outra discussão, é o retrato agressivo de uma política marginal! 

Jordana Seixas



quarta-feira, 20 de março de 2013




Sobre o Livro O Diário de Anne frank


    Relendo o livro, o diário de Anne Frank, pela 3° vez, depois de finalmente ter conhecido seu esconderijo na Holanda, em Amsterdam, foi como lê-lo pela primeira vez, acho que ela, uma menina judia de 13 anos que precisou se esconder e comer batatas podres para sobreviver, foi a melhor pessoa deste mundo a descrever e falar de Deus, com o sentimento mais puro e as palavras mais genuínas.
     Meu pensamento vaga e transita pelos cômodos que já me são íntimos no anexo, o sótão, as escadas, a estante, os feixes de luz nas janelas...quero continuar a ouvir a voz de Anne ao ler suas palavras, porque já construí sensorialmente seu timbre de voz, sua intensidade, e até mesmo sua maneira de falar, gesticular e olhar.  Quero continuar a partilhar sua história, seus sentimentos, quero vê-la saltitante, quero conhecer aonde aquele espírito livre pode ir armada de liberdade, como pode ser mais livre do que já é, mesmo estando fisicamente aprisionada.
    E o 1° beijo? E a ruptura romântica de suas virgindades?

    Finalizando a releitura do livro, sinto-me órfã da extensão de uma vida interrompida, órfã dos sonhos de Anne que sonhei lendo cada suspiro seu audacioso, órfã dos livros posteriores que não puder ler, porque ela não pode escrever...
    Bruscamente, logo após Anne aspirar esperançosamente usufruir da natureza com liberdade e se tornar uma possível futura jornalista ou escritora, precisamos substituir os sonhos desta menina de 15 anos, e que ao acompanhar seu dia-a-dia no anexo secreto, tornam-se instintivamente nossos sonhos, pela dura realidade estilhaçada nos campos de concentração.
    A realidade que precisamos engolir é a da epidemia de tifo, dos bombardeios ou dos corpos estirados pelas valas? Definitivamente NÃO! A realidade que precisamos engolir e substituir pelos sonhos de Anne é a pior de todas que já existiu, a imundice humana, a hipocrisia dos "Hitlers" que existiram, e não deixam de existir...



Jordana Seixas

“Espiei pela janela aberta, deixando o olhar percorrer boa parte de Amsterdã. Sobre os telhados e em direção ao horizonte, havia uma tira de azul tão claro que era quase invisível.
Como posso me sentir triste enquanto isso existir, pensei, esta luz e este céu sem nuvens, e enquanto eu puder desfrutar essas coisas?
O melhor remédio para os amedrontados, solitários ou infelizes é sair, ir a um local em que possam ficar a sós, com o céu, a natureza e Deus. Só então você pode sentir que tudo é como deveria ser, e que Deus deseja a felicidade das pessoas em meio á beleza e á simplicidade da natureza.
Enquanto isso existir- e deve existir para sempre-, sei que haverá consolo para toda tristeza, em qualquer circunstância. Acredito firmemente que a natureza pode trazer conforto a todos que sofrem.
Há, quem sabe, talvez não demore muito antes que eu possa compartilhar esse sentimento de felicidade avassaladora com alguém que sinta o mesmo que eu. ”
Anne Frank

***

"Não consigo me imaginar como todas as mulheres que fazem o seu trabalho e depois são esquecidas. Preciso ter alguma coisa além de um marido e de filhos aos quais me dedicar! Não quero que minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo aquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado esse dom, de escrever, que posso usar para me desenvolver e para expressar tudo o que existe dentro de mim. 
Quando escrevo, consigo afastar todas as preocupações. Minha tristeza desaparece, meu ânimo renasce! Mas- e está é uma grande questão - será que conseguirei escrever alguma coisa importante, será que me tornarei jornalista ou escritora?
Espero, ha, espero muito, porque escrever me permite registar tudo, todos os meus pensamentos, meus ideais e minhas fantasias. "

Anne Frank

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O melhor filme Brasileiro dos últimos tempos. Com Wagner Moura....tensão e risos ao mesmo tempo, historias que se cruzam pelo caminho, pessoas comuns na beira da estrada, em vilarejos, barracos, casa-barco, lugares algum. A história que anuncia é de uma crise familiar, mas o foco são as costuras, aqueles com quem no momento da procura ele encontra sem querer encontrar...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O que é arte...?...



 
   A expressão poética do homem sempre existiu instintivamente, diferente de uma máquina cuja ação destina-se em sentido a concretudes, definidas e específicas, o homem têm atitudes espontâneas nem sempre ligadas as suas objetividades, como uma espécie de pausa, um suspiro, ele cria, desloca-se para o encontro com a matéria visual a fim de satisfazer-se imaterial e esteticamente, e de alguma forma alcançar seu pleno gozo, seu refúgio para um mundo que por mais faz de conta e ilusionista que soe, é real e é o que lhe da prazer.
   Em meio aos seus serviços utilitários do dia a dia, o homem sempre registrou seus sentimentos em relação à vida e em relação ao momento histórico em que viveu, assim como andava, falava e se alimentava, naturalmente e espontaneamente esse mesmo homem desenhava e pintava, e isso compunha o seu universo imagético existencial, entretanto, tempos depois dessa atividade genuína e despretensiosa, rotulou-se a essas expressões o nome de arte. Hoje, na contemporaneidade, costuma-se dar o nome de artes o que conscientemente o homem cria no intuito de fazer e rotular a arte, o que a intelligentsia convém chamar de arte e colocar em si o seu código de barras, indispensável para a inserção no mercadão elitizado dos que conceituam o “objeto- obra- produto”, agregando valores ou descartando expressões.
    Nas pinturas pré históricas podemos ver simplesmente o homem retratando aquilo que estava ao seu redor, o ambiente natural, os animais, os outros homens e suas rotineiras atividades, e essa expressão está diretamente ligada ao conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, aos costumes, a religiosidade, aos rituais, enfim, a cultura do homem, que tem a ver com “quem é esse homem”, onde ele vive, o que ele sente, o homem juntos dos outros homem, a visão desse homem, as suas raízes, seu imaginário passado presente e futuro, que por fim, elimina a possibilidade de responder aqui e agora o que é arte, necessitando esta indagação do saber cultural, que necessita do saber sobre este específico homem ao qual faz parte de determinada e específica cultura.
     Poderia então dizer que arte é a expressão poética do homem singular em uma sociedade plural e está relacionada diretamente ao seu tempo, seu lugar, sua história política, econômica e societal ? Ou ainda estaria rotulando o homem em sua infinitude e esquecendo de alguma particularidade própria que caberia a este chamar de arte?
    O caráter valoroso da obra de arte, ainda que mutável ao tempo, ao encontro do homem com a sua coletividade, com os acontecimentos de ordem política e histórico-social, ela é imprescindível de pessoalidade, pois o gosto pelo belo, essa busca tão arbitrária e natural do homem pela estética, depende do universo poético de cada um. O valor da arte pode estar ligado também simplesmente ao  valores pictóricos da imagem, cor, linha, forma, volume e etc, mas ainda sim é um valor, por uma agradável sensação do belo, ou até mesmo por uma expressão estética ligada diretamente ao pictórico que não tem como fim  alcançar uma beleza visual a quem lhe da a vida, as vezes o desejo pode ser simplesmente alcançar um grotesco, o contrário daquilo que lhe soe como belo.
     O Homem busca cotidianamente desde os tempos primórdios, um encontro com uma beleza de ordem pessoal através de simples e sutis relações com os objetos utilitários, como exemplo desta relação estão os vasos gregos, o homem pintava, decorando e ilustrando-o com cenas da mitologia, e este mesmo homem busca até hoje encontro com belezas complexas através das atividades mais corriqueiras , porém, que compõe uma significação real para ele.      Ao se vestir o homem imprimi um pouco a mais da sua essência e da sua personalidade, dos seus gostos, ele não escolhe aleatoriamente uma calça justa ou larga, um vestido comprido ou curto, com cores mais vibrantes ou discretas, ele escolhe por um traço que lhe condiz, e ainda que o fizer de maneira aleatória, este corresponde-lhe sim um aspecto pessoal. Ao pensar e comprar a mobília de uma casa, o homem continua neste desejo pelo belo, por uma satisfação estética visual, e ao organizar esta mesma mobília na casa, continua este homem, na sintonia sublime de prazer.
    Poderíamos diferenciar como artistas ou não aquele que pinta um quadro daquele que confeita um bolo, daquele que organiza um prato de salada, pensando na simetria ou assimetria dos pepinos e tomates?
    Como rotular por assim dizer, a arte, se a séculos atrás o que era apenas uma vasilha de alimentos na mão do homem hoje encontra-se em renomeados museus consagrados como arte? porque não simplesmente conviver com a ideia de que vivemos e nos expressamos poética e sensivelmente por humanidade, e assim, arbitrariamente, involuntariamente somos produtores e reprodutores de uma arte viva, de uma busca incansável pelo belo, logo, Monet ou a dona de casa que enfeita e poda seu jardim são dois amantes e produtores de belezas e expressões.
    E ainda sim, o que é arte?

                                                                                                                                           Jordana Seixas