No meio do caminho
haviam além de pedras, anjos, anjos em forma de canções que nos inspiram com
uma lembrança, um cheiro, um docê papel amarelado, uma flor murcha por entre
alguns livros, que perde sua beleza e vitalidade juntamente com a vida, mas
ainda sim não consegue perder sua poesia, mórbido e depreciativo, mas poético,
tão quanto melancólico, tão quanto fúnebre, tão quanto poético...
No meio do caminho
existem anjos, em forma de luzes em uma manha ensolarada, esses pequenos anjos
são quase imperceptíveis, porém não precisam da noite para reluzirem apontando
cada ponto que reluz dentro de nós, e que a cada dia se ofusca mais e cada vez mais.
No meio do caminho
também haviam pedras, muitas pedras, e esses anjos materializados em pedras,
nos fazem tropeçar quando caminhamos tão ligeiro ao ponto de desperceber os
nossos próprios passos, ao ponto de desperceber outras pedras no meio do caminho.
É preciso tranquilidade no meio do caminho, caminhando bem lentamente, com
suavidade e delicadeza, é possível chegar mais rápido ao destino do que quando
se corre ignorando o caminho e os anjos abrigados entre eles.
No meio do caminho é
possível assistir um filme chamado “One Day”, e derrepentemente no fim do dia,
mesmo que por apenas aquele um dia, é possível voltar a se esperançar no amor
de infância, é possível voltar a acreditar nas renuncias e sacrifícios, na
incondicionalidade e imaterialidade de um grande amor, é possível sentir
vontade desesperadamente de entrar nas telas do cinema e viver a possibilidade
daquele possível amor surreal na sua realidade mais profunda, mesmo que por
apenas um dia, mesmo que por apenas One Day.
Jordana Seixas