terça-feira, 3 de fevereiro de 2009


ACERVO


Sobre Máscaras

   Qualquer coisa pode me inspirar a qualquer momento, encontro algo jogado pelo chão e logo posso enxergar vida neste objeto, logo posso velo como uma parte orgânica das minhas máscaras, porém não somente aquilo que é belo ditado pela mídia, pelo modismo ou pela nossa tradicionalidade, mas também aquilo que é forte mesmo que feio, chocante mesmo que triste.
   A beleza pra mim não está no belo, mas naquilo que me faz pensar, naquilo que com sua força e sua grandeza fazem-me criar, ás vezes o belo, mas nem sempre o belo.
  As vezes gosto de misturar estilos, um traço de cubismo com um que de abstracionismo, porém considero minhas máscaras contemporâneas, e mais do que isso, brasileiras e especificamente periféricas cariocas.
  Gosto de trabalhar com tudo, aproveitar tudo, qualquer coisa, minha arte é urbana, está nas ruas, perto da gente, e é aonde encontro mesmo o que procuro, material bruto, que comunica, que tem força visual. O único trabalho que eu tenho é o de catar, experimentar de todas as formas e depois juntar tudo. ( Na verdade isso é um grande trabalho, ás vezes caótico e atormentador, mas por vezes muito prazeroso, a arte é minha vida)
  Elementos urbanos, achados, lixos, sucatas, objetos do cotidiano, tudo junto na composição, tudo pode somar, como diz a dinamarquesa Anna Marie Holm, que é artista, membro da sociedade Dinamarquesa de autores e professora de artes;
“-QUALQUER COISA, QUALQUER COISA, QUALQUER COISA.”
   Acredito que os seres-humanos usam máscaras a todo momento, porque isso é de sua natureza, ninguém conhece todas as máscaras do outro, ninguém conhece nem mesmo todas as suas próprias máscaras...
  Um dia desses sai para trabalhar e quando cheguei, fiquei por algum tempo olhando a infiltração da parede no meu trabalho, percebi que aquela infiltração ali na parede trazia um certo incomodo para mim e para as outras pessoas, mas percebi também alguma coisa maior do que isso. Percebi que aquela infiltração fora daquela parede poderia se tornar em uma grande obra de arte, e então decidi fotografá-la de vários ângulos, pensei até que poderia estar enlouquecendo, mas a partir daquele momento compreendi que eu estava “começando” a compreender que aquilo tudo era mais forte do que eu, e que definitivamente a arte estaria me acompanhando todos os dias da minha vida, por toda a minha vida.

                 Jordana Seixas