quarta-feira, 20 de março de 2013




Sobre o Livro O Diário de Anne frank


    Relendo o livro, o diário de Anne Frank, pela 3° vez, depois de finalmente ter conhecido seu esconderijo na Holanda, em Amsterdam, foi como lê-lo pela primeira vez, acho que ela, uma menina judia de 13 anos que precisou se esconder e comer batatas podres para sobreviver, foi a melhor pessoa deste mundo a descrever e falar de Deus, com o sentimento mais puro e as palavras mais genuínas.
     Meu pensamento vaga e transita pelos cômodos que já me são íntimos no anexo, o sótão, as escadas, a estante, os feixes de luz nas janelas...quero continuar a ouvir a voz de Anne ao ler suas palavras, porque já construí sensorialmente seu timbre de voz, sua intensidade, e até mesmo sua maneira de falar, gesticular e olhar.  Quero continuar a partilhar sua história, seus sentimentos, quero vê-la saltitante, quero conhecer aonde aquele espírito livre pode ir armada de liberdade, como pode ser mais livre do que já é, mesmo estando fisicamente aprisionada.
    E o 1° beijo? E a ruptura romântica de suas virgindades?

    Finalizando a releitura do livro, sinto-me órfã da extensão de uma vida interrompida, órfã dos sonhos de Anne que sonhei lendo cada suspiro seu audacioso, órfã dos livros posteriores que não puder ler, porque ela não pode escrever...
    Bruscamente, logo após Anne aspirar esperançosamente usufruir da natureza com liberdade e se tornar uma possível futura jornalista ou escritora, precisamos substituir os sonhos desta menina de 15 anos, e que ao acompanhar seu dia-a-dia no anexo secreto, tornam-se instintivamente nossos sonhos, pela dura realidade estilhaçada nos campos de concentração.
    A realidade que precisamos engolir é a da epidemia de tifo, dos bombardeios ou dos corpos estirados pelas valas? Definitivamente NÃO! A realidade que precisamos engolir e substituir pelos sonhos de Anne é a pior de todas que já existiu, a imundice humana, a hipocrisia dos "Hitlers" que existiram, e não deixam de existir...



Jordana Seixas

“Espiei pela janela aberta, deixando o olhar percorrer boa parte de Amsterdã. Sobre os telhados e em direção ao horizonte, havia uma tira de azul tão claro que era quase invisível.
Como posso me sentir triste enquanto isso existir, pensei, esta luz e este céu sem nuvens, e enquanto eu puder desfrutar essas coisas?
O melhor remédio para os amedrontados, solitários ou infelizes é sair, ir a um local em que possam ficar a sós, com o céu, a natureza e Deus. Só então você pode sentir que tudo é como deveria ser, e que Deus deseja a felicidade das pessoas em meio á beleza e á simplicidade da natureza.
Enquanto isso existir- e deve existir para sempre-, sei que haverá consolo para toda tristeza, em qualquer circunstância. Acredito firmemente que a natureza pode trazer conforto a todos que sofrem.
Há, quem sabe, talvez não demore muito antes que eu possa compartilhar esse sentimento de felicidade avassaladora com alguém que sinta o mesmo que eu. ”
Anne Frank

***

"Não consigo me imaginar como todas as mulheres que fazem o seu trabalho e depois são esquecidas. Preciso ter alguma coisa além de um marido e de filhos aos quais me dedicar! Não quero que minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo aquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado esse dom, de escrever, que posso usar para me desenvolver e para expressar tudo o que existe dentro de mim. 
Quando escrevo, consigo afastar todas as preocupações. Minha tristeza desaparece, meu ânimo renasce! Mas- e está é uma grande questão - será que conseguirei escrever alguma coisa importante, será que me tornarei jornalista ou escritora?
Espero, ha, espero muito, porque escrever me permite registar tudo, todos os meus pensamentos, meus ideais e minhas fantasias. "

Anne Frank

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