A história do livro Pedra de Paciência, de Atiq Rahimi, se passa em um quarto vazio e pequeno,
com algumas muitas palavras que explodem de dentro de uma mulher e quicam por
dentro de um quarto sufocante, de um lado para outro, do teto para as paredes,
das paredes para o chão, da mesma forma que os pensamentos antes de se tornarem
palavras, se sacudiam por dentro dela em absoluta e total repressão ha anos.
fim.
Li o
livro sem saber do que se tratava, sem ler nem mesmo alguma critica ou sinopse
como de costume, sem sequer alguma indicação de um amigo, e de rrepente a
história, apesar de um único personagem, e praticamente o mesmo cenário em toda
a trama, vai ganhando vida e você se torna o confidente da personagem mulher,
pois a princípio é o único a ouvir seus lamentos e segredos mais profundos.
Trata-se de um livro descritivo, em que é
possível realmente pensar nas palavras balbuciadas pela mulher em um quarto com
cortinas estampadas com motivos representando pássaros migratórios fixados no
impulso do vôo sobre um céu amarelo e azul, é possível imaginar as palavras
opressivas daquela mulher dançando por cada mínimo detalhe do quarto descrito
no livro.
Além
do que não é dito no livro, ele te aproxima tão intimamente da história e da
mulher ao ponto de exigir da tua imaginação que complete com afeição e
sensorialidade aquilo que não foi dito, imaginei um chão de taco, imaginei
escuridão entre as luzes que entram pela janela, senti um cômodo frio e
impessoal,entre outras coisas, senti e imaginei como se estivesse lá dentro do
quarto, ouvindo a mulher, como seu fiel confessionário.
Pedra-de-paciência
é o nome de uma pedra mágica que acolhe os lamentos de quem se confidencia a
ela. O dia que a pedra recebe tristezas demais, explode. Ler o livro é se
tornar a pedra de paciência de uma mulher oprimida de seus desejos e de quem é,
é explodir juntamente com ela e seu desfecho, e é continuar em total explosão
mesmo depois de terminada a leitura, pensando naquele pequeno quarto
retangular, como se já estivéssemos estado dentro dele um dia, como se ele
tivesse um cheiro e nos transmitisse um dejavu de sentimentos, de algum dia, de
algum tempo e de algum lugar.