domingo, 20 de maio de 2012


    A história do livro Pedra de Paciência, de Atiq Rahimi, se passa em um quarto vazio e pequeno, com algumas muitas palavras que explodem de dentro de uma mulher e quicam por dentro de um quarto sufocante, de um lado para outro, do teto para as paredes, das paredes para o chão, da mesma forma que os pensamentos antes de se tornarem palavras, se sacudiam por dentro dela em absoluta e total repressão ha anos. fim.
     Li o livro sem saber do que se tratava, sem ler nem mesmo alguma critica ou sinopse como de costume, sem sequer alguma indicação de um amigo, e de rrepente a história, apesar de um único personagem, e praticamente o mesmo cenário em toda a trama, vai ganhando vida e você se torna o confidente da personagem mulher, pois a princípio é o único a ouvir seus lamentos e segredos mais profundos. 


Trata-se de um livro descritivo, em que é possível realmente pensar nas palavras balbuciadas pela mulher em um quarto com cortinas estampadas com motivos representando pássaros migratórios fixados no impulso do vôo sobre um céu amarelo e azul, é possível imaginar as palavras opressivas daquela mulher dançando por cada mínimo detalhe do quarto descrito no livro. 

   Além do que não é dito no livro, ele te aproxima tão intimamente da história e da mulher ao ponto de exigir da tua imaginação que complete com afeição e sensorialidade aquilo que não foi dito, imaginei um chão de taco, imaginei escuridão entre as luzes que entram pela janela, senti um cômodo frio e impessoal,entre outras coisas, senti e imaginei como se estivesse lá dentro do quarto, ouvindo a mulher, como seu fiel confessionário.

     Pedra-de-paciência é o nome de uma pedra mágica que acolhe os lamentos de quem se confidencia a ela. O dia que a pedra recebe tristezas demais, explode. Ler o livro é se tornar a pedra de paciência de uma mulher oprimida de seus desejos e de quem é, é explodir juntamente com ela e seu desfecho, e é continuar em total explosão mesmo depois de terminada a leitura, pensando naquele pequeno quarto retangular, como se já estivéssemos estado dentro dele um dia, como se ele tivesse um cheiro e nos transmitisse um dejavu de sentimentos, de algum dia, de algum tempo e de algum lugar.



                                      Jordana Seixas


                         Os Pássaros



   Embora tratando-se de Hitchcok, comecei a ver os pássaros, no início de uma  manha tranquila e ensolarada, e pela sensação precipitada que a introdução da película me causou, achei que fosse o filme perfeito para iniciar o dia, uma cidade pacata a beira de um rio chamada bodega Bay. Tippi Hedren com sua beleza singela carrega na gaiola dois inofensivos pássaros. Mas em pouco tempo o mistério da trama e o drama dos personagens  conduzem ao suspense central da obra, a oposição da fragilidade que os pássaros representam em sua leveza liberdade.


    Hitchcok constrói um drama psicológico nos personagens intenso e misterioso, e costura na história de amor central, em meio ao suspense intrigante dos pássaros que começam a atacar e matar as pessoas.

  Embora o filme já explore as novas tecnologias com o uso de efeitos especiais inovadores da época para criar as temíveis criaturas voadoras, ele alcança o seu auge de suspense exatamente no mistério jogado no ar no início do longa e no mesmo mistério que se prolonga na trama e fica no ar em aberto, nos mantendo mesmo após o seu término, em êxtase especulando suas entrelinhas e o seu após.


    A força do filme está nos contrastes, na oposição que Hitchcok constrói para extrair o suspense e o horror do lugar nostálgico e indefeso, da inocência do conto de amor e da pureza lírica de dois periquitos namoradeiros.





                Jordana Seixas