domingo, 2 de fevereiro de 2014


MRS DALLOWAY 

VIRGINIA WOOLF 



   Como dizer sobre o que se trata o romance de virginia woolf? Como resumir, definir ou descrevê-lo sem ficar com a sensação do inacabado, do complexo, inatingível, daquele sentimento que é demasiadamente perplexo e grande para se conter em palavras, ou em meras definições? O que posso fazer aqui é degustá-lo, é rememoria-lo em todos os meus sentidos, é me permitir algumas palavras sobre alguns entre inúmeros sentimentos que me perpassaram . 
   A mim, cabe pensar em clarissa, protagonista e condutora dos fios que ligam e entrecruzam o romance, no fim ou início de sua vida, sentindo-se maravilhada pelo interromper, a mim cabe vislumbrar clarice se permitindo caminhar em um sentido oposto do que se caminhou, nem que seja para olhar com satisfação e convicção para o caminho que escolheu na juventude e esteve presente durante anos de sua vida, realizando jantares e comprando flores. 
   O mais impressionante do livro, é que se passa em um único dia em na cidade de Londres, e nada além do habitual acontece, somente a ida de clarice comprar flores para decorar a festa que irá oferecer a noite, um ação corriqueira e habitual, porém, a autora nos coloca no submerso dos sentimentos, das memórias e do psicológico de cada personagem, a ponto de torná-los íntimos de nós, a ponto de me fazer sentir como se tivesse participado da vida de clarice dallooway como um parente, uma amiga, ou um simples vizinho cúmplice e observador.
     Histórias se entrecruzam e se contagiam, personagens são costurados um nos outros em sentimentos sem ao menos se conhecerem, são atingidos, são igualados a uma mesma atmosfera de nostalgia e pavor, sentires diversos, sentires absurdos, sentires que nortearam o fim daquele dia e quem sabe, o início da vida daqueles que estiverem a deriva dos seus sonhos, das suas indagações e fantasias. 
   A história dos personagens se embaralham, cruzam, acontecem simultaneamente. Septimus passa por clarice acometido pelas dores da guerra, pela loucura sana de ver um outro ser levado da vida abruptamente, clarice contempla septimus e pensa em seu passado, no que viveu e tragicamente no que não viveu. Peter walsh, relembra seu amor, sua paixão e embaralha-se com os sentimentos sobre a realidade que não viveu, e com os anseios de clarice, e assim, somos envolvidos pelas lembranças, realidades, sentimentos, e memórias daqueles que presenciaram o mesmo dia conectados por um passado que não pode jamais se desconectar, um passado que sacramentou-os em um único corpo.
  A escritora nos apresenta londres através da sua literatura moderna, e nos apresenta meticulosamente as camadas e subcamadas do psicológico dos personagens, e fico aqui em êxtase, entre as emoções, os pensamentos e as memórias daqueles que há poucos dias atrás me eram desconhecidos, e hoje posso senti-los e compreendê-los como não pude por muitos não fictícios e indecifráveis que convivo e conheço por anos, e precisaria do olhar de lupa de virginia woolf para apresenta-los distante da superficialidade com que rotineiramente são vistos, sentidos e ignorados. 

               

                    JORDANA SEIXAS 


“inspirada , inicialmente por dostoiévski, flaubert, proust, esteve preocupada em captar os recônditos da mente, os labirintos da memória, as hesitações e as incertezas, as contradições e as fraquezas da natureza humana, bem como a forma pela qual o tempo tal como percebido e sentido pela mente humana difere, de maneira fundamental, do tempo medido pelo relógio e pelo calendário. O que importa para ela como escritora de ficção não são os aspectos óbvios da vida, como os atos e as palavras, quanto os sentimentos e as lembranças, que tendem a ser confusos, desordenados, contraditórios, ilógicos. ” 

                       Tomaz tadeu 

 “Os romancistas reproduzem as aparências externas ( maneirismos, paisagem, roupas e o efeito dos heróis sobre os amigos ), mas muito raramente, e apenas por um instante, penetram no tumulto de pensamento que assola a sua mente.” 

                                                              Virginia woolf

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