domingo, 28 de fevereiro de 2010


            Pensamentos sobre a voz falada do ator

A voz do ator é como se fosse uma peça “qualquer” de uma máquina, e para essa máquina funcionar, esta peça, por mais insignificante visualmente que possa ser, faz parte do organismo interno da máquina, ela é de existência essencial para o funcionamento desta.
A voz do ator compõe a sua estrutura orgânica, é a extensão de seu corpo, extensão de sua expressão íntima interna, é um instrumento que compõe o seu trabalho de encenação.
O corpo do ator precisa falar e ter forma, precisa ter organização, estrutura e feição externa em cada particularidade existida, seu olhar, o deslocamento do seu corpo, o direcionamento de suas mãos. E assim como o corpo, a sua voz, que nada mais é do que seu prolongamento ,( tom, intensidade, timbre, pausas, nuances e etc.,) e todas as possibilidades técnicas vocais são importante para que o ator alcance a platéia com verdade.
Quando vamos realizar uma refeição, não jogamos os alimentos misturados no prato de qualquer jeito e engolimos, sentimos a vontade de degustá-lo se a estética do prato for atraente, dessa forma dispomos os alimentos no prato de maneira organizada, feijão para um lado, arroz para o outro, como se estivéssemos pintando um quadro, ou escolhendo um brinco e uma bolsa para combinar com o vestido, e por ai vai.
Da mesma forma o ator para ser convincente em seu jogo de interpretação tem que saber utilizar a técnica vocal para alcançar a emoção de seu personagem, mergulhando em sua memória corporal, ou mais especificamente, memória vocal, e da mesma forma como organiza um prato de comida, tornando-o belo e atraente, precisa desenhar sua voz, tornando tão viva e natural quanto sua voz cotidiana e real, sua voz da vida, diferente de muitas canastrices em conseqüência de uma voz forçada e artificial.

Jordana Seixas




"Se não usarmos nosso corpo, nossa voz, um modo de falar, de andar, de nos movermos, se não acharmos uma forma de caracterização que corresponda à imagem, nós, provavelmente, não poderemos transmitir a outros o seu espírito interior, vivo." Stanislavski, Constantin (2003)pg27.

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